domingo, 3 de outubro de 2010

Intimidade na era das mídias sociais

Fiz aniversário no ultimo dia 26 de setembro, um domingo. Como esse ano não fiz nenhuma comemoração especial, acabei não encontrando nenhum dos meus amigos nesse dia. Mas, curiosamente esse foi o ano em que recebi o maior numero de felicitações pelo meu aniversário... Como isso foi possível? Vamos aos números:
  • 59 mensagens do Facebook
  • 12 ligações no celular
  • 2 ligações em casa
  • 5 SMS
  • 1 mensagem no LinkedIn
  • 4 mensagens no Orkut
  • 7 e-mails
Olhando para esse cenário, comecei a refletir sobre os novos comportamentos na era das midias sociais. Pouquíssimo tempo atrás (talvez um ou dois anos), a situação seria muito diferente: provavelmente eu receberia um pouco mais de telefonemas do que eu recebi esse ano, e muitos "parabéns atrasados"na segunda feira pós aniversário. E só. Mas nesse ano, recebi um total de 90 felicitacões, de 7 diferentes formas. Aqui já cabe uma primeira constatação: hoje as pessoas tem a sua disposição um número enorme de opções para se comunicarem umas com as outras. Todas essas opções ampliaram também o período disponível para as pessoas se comunicarem, já que tirando os telefonemas, todas as demais mensagens podem ser enviadas a qualquer hora do dia ou da noite (e de qualquer lugar, já que com um celular podemos acessar todos esses aplicativos).

Mas, será que toda essa tecnologia deixa as pessoas mais próximas e íntimas uma das outras?

Avaliando um pouco mais a fundo a minha amostra umbigo de aniversário, pude constatar alguns padrões interessantes de "nível de intimidade". Como esperado, o nível mais alto de intimidade foram as ligações no celular, que foram feitas por meus melhores amigos. Apesar de terem acesso as demais formas de comunicação, eles fizeram questão de me cumprimentar pessoalmente. No nível 2 de intimidade, eu diria que ficaram os SMS. Recebi SMS de pessoas que gosto muito, e que tenho certeza que gostam muito de mim, e que por algum motivo preferiram mandar um pequeno texto de parabéns ao invés de ligar (o que poderia ter sido até mais rápido em muito dos casos...). Em terceiro lugar no meu "índice de intimidade" ficaram as redes sociais, tanto o Facebook quanto o Orkut. Aqui recebi alguns comentários de familiares próximos, mas a maioria das pessoas que me cumprimentaram foi de colegas de trabalho e amigos que não vejo há tempos. Pessoas queridas, mas que por motivos diversos, acabo encontrando mais no mundo das midias sociais do que no mundo real. Em último lugar na minha lista de intimidade ficaram o e-mail e o LinkedIn. Aqui temos outra constatação interessante: o e-mail que já foi a principal forma de comunicação entre as pessoas, está se tornando cada vez mais uma ferramenta de cunho profissional. As pessoas, principalmente as mais jovens, preferem se comunicar informalmente pelas redes sociais, deixando o e-mail como uma ferramenta de trabalho, quase um documento. Mas, e os dois telefonemas que eu recebi em casa - da minha avó e da minha tia mais velha? Aqui obviamente, o nível de intimidade comigo foi o mais alto possível. Mas claramente, não posso dizer o mesmo da intimidade delas com a tecnologia....